sábado, 20 de abril de 2019

Líder - autoridade que sabe amar

A professora continuou. — Podemos manifestar bondade, uma das qualidades do amor, independentemente dos nossos sentimentos por alguém. Como já dissemos, amor não é como nos sentimos a respeito dos outros, mas como nos comportamos com os outros. Deixe-me ler o que George Washington Carver disse sobre a bondade: "Seja bom com os outros. A distância que você caminha na vida vai depender da sua ternura com os jovens, da sua compaixão com os idosos, sua compreensão com aqueles que lutam, da sua tolerância com os fracos e os fortes. Porque algum dia na vida você poderá ser um deles." 

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— Precisamos uns dos outros - a enfermeira disse tranqüilamente. — Os arrogantes e orgulhosos fingem que não precisam. 

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Mais uma vez, amar não e como você se sente em relação aos outros, mas como se comporta em relação aos outros. 

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 Pessoas que se apóiam no poder em geral se sentem ameaçadas pelas pessoas que se apóiam na autoridade. 

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Simeão continuou: - Quando eu trabalhava como líder de negócios, era freqüentemente chamado para resolver problemas de companhias que estavam em dificuldade. Uma das primeiras coisas que eu sempre fazia para começar a avaliar a organização era um levantamento da atitude dos empregados. Eu sempre comparava os levantamentos por departamento e até por turnos, para detectar melhor as áreas problemáticas. Até nas companhias mais deterioradas, com resultados terríveis dos levantamentos, eu sempre achava ilhas saudáveis de tranqüilidade aparente no imenso mar de tumulto. Quando eu via os resultados dos levantamentos e identificava uma daquelas áreas saudáveis, procurava saber o que estava acontecendo naquele determinado departamento, naquele determinado turno. E o que vocês acham que eu costumava descobrir?

- Um líder - a enfermeira respondeu tranqüilamente.

- Pode apostar que sim, Kim. Apesar do grande caos, confusão, política de poder e todos os outros problemas, eu encontrava um líder que se responsabilizava por sua pequena área de influência, e isso fazia toda a diferença. Esse líder não conseguia controlar a grande organização, mas, com seu comportamento diário, controlava as pessoas que lhe eram confiadas, lá embaixo, nos porões do navio. 

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A enfermeira acrescentou: - Tantas pessoas que conheço agem como se pudessem de fato mudar outras pessoas. Estão sempre tentando consertar as pessoas, convertê-las à sua religião, arrumar sua cabeça, seja o que for. Tolstoi disse que todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo.

A treinadora concordou: - Se todos varressem sua calçada, logo a rua inteira estaria limpa.

Mas, Simeão, nós como líderes podemos motivar as pessoas a mudar, não podemos? - o sargento perguntou.

— Eu defino motivação como qualquer comunicação que influencie as escolhas. Como líderes, podemos fornecer todas as condições, mas são as pessoas que devem fazer as próprias escolhas para mudar. Lembrem-se do princípio do jardim. Não fazemos o crescimento ocorrer. O melhor que podemos fazer é fornecer o ambiente certo e provocar um questionamento que leve as pessoas a se analisarem para poderem fazer suas escolhas, mudar e crescer. 

James C. Hunter
O monge e o executivo - uma história sobre a essência da liderança
Trad. Maria da Conceição Fornos de Magalhães
Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 85, 86, 95, 106, 109



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