E convém que tenhamos sempre em mente que Satanás
tem seus milagres, os quais, embora sejam falazes ilusionismos, antes que genuínos prodígios, entretanto são de tal natureza, que podem seduzir os desavisados e
simplórios [2Ts 2.9, 10]. Mágicos e encantadores sempre se destacaram por seus
milagres. A idolatria sempre foi nutrida por milagres de causar pasmo. Contudo,
eles não legitimam nossa superstição, nem dos magos, nem dos idólatras.
E com esta armadilha, os donatistas, outrora, abusavam da simplicidade da população,
de que eram poderosos em milagres. Portanto, agora respondemos a nossos
adversários, o mesmo que Agostinho respondeu então aos donatistas: o Senhor
nos acautelou contra esses milagreiros quando predisse que haveriam de vir falsos
profetas, os quais, em virtude de sinais mentirosos e prodígios vários, induziriam
os eleitos ao erro, se isso pudesse acontecer [Mt 24.24]. E Paulo advertiu que o
reino do Anticristo haverá de vir com todo poder, e sinais, e prodígios enganosos
[2Ts 2.9].
Mas, insistem eles, esses milagres não são operados por ídolos, nem por mistificadores,
nem por falsos profetas, mas pelos santos. Como se na verdade não soubéssemos
que esta é a artimanha de Satanás: transformar-se em anjo de luz [2Co 11.14].
Em tempos idos, os egípcios cultuaram a Jeremias, sepultado em seu meio, com
sacrifícios e outras honras divinas. Porventura não estavam abusando do santo profeta
de Deus para os fins de sua idolatria? E no entanto com tal veneração de seu
sepulcro chegavam ao ponto de pensar que, como justa recompensa disso, eram
curados da picada de serpentes! Que diremos, senão que sempre foi esta, e haverá
de sempre ser, a mui justa punição de Deus: enviar a eficácia do erro àqueles que
não têm recebido o amor da verdade, para que creiam na mentira [2Ts 2.11]?
Portanto, de modo nenhum nos faltam milagres, e esses não são passíveis de
dúvida, nem suscetíveis a zombarias. Aqueles, porém, aos quais eles apelam em seu abono, são meros embustes de Satanás, uma vez que desviam o povo do verdadeiro
culto de seu Deus para o engano.
João Calvino, As Institutas, ou Tratado da Religião Cristã Vol. 1, Edição Clássica (Latim) - Carta de Calvino ao Rei Francisco, da França (Primeira edição publicada em 1536).
Disponível em: http://www.protestantismo.com.br/institutas/joao_calvino_institutas1.pdf
Pg 30-31.
Em 1996 ganhei uma Bíblia de presente e no ano seguinte resolví lê-la. Escolhí começar pelos Evangelhos e logo fui tomada pela certeza do excepcional amor de Cristo. Liguei para uma amiga cristã dizendo que precisava de comunhão imediata com o Senhor Jesus e sua Igreja. Precisava aprender como servir e agradar a Alguém que me amou tão profundamente. Desde então continuo buscando estudar "o Livro" e reunir textos e experiências que tratam de temas diversos, abençoam e edificam.
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